Prateleiras – Via Furnas – 14 de julho de 2018

Uma subida que gera e fortalece amizades

“Escalar, escalar, subir, subir” trocando as palavras do refrão da famosa música (bem velha. Talvez você não a conheça) do Byafra pra começar um texto sobre amizade. Um convite despretensioso de uma amiga que fiz em 2005 na praia de Trindade-RJ. Essa amiga, a Camila, uma moradora de Resende, onde tinha o Jean, que me levaria para conhecer o Parque Nacional de Itatiaia, que levava as pessoas escalar e conhecer as trilhas. Não sabia o que esperar e nem o que era esse Jean. Mas achei a ideia interessante.

Aceitei o convite e fui conhecer “o monte de informações” que a Camila me fornecia, parte alta, parte baixa, prateleiras, acampamento e trilhas. Era muita coisa e fui sem pesquisar e sem criar expectativas. Chegando a Resende, fui conhecer o Jean. E descobri que era GEAN. Grupo Excursionista Agulhas Negras, e não
uma pessoa chamada Jean.

Confesso que essa informação me acalmou. Por que seria difícil confiar no Jean, um guia que subia montanhas. Mas conhecer o GEAN me tranquilizou muito. Na sede desse grupo conheci pessoas empenhadas em difundir a prática do montanhismo em uma instituição que está na terceira geração familiar. E onde o membro mais antigo participou da escalada. O seu Júlio (vulgo “veio da toca”). Que conta com orgulho de que quando criança lembra das reuniões para a fundação do GEAN em sua casa, com seu pai puxando a iniciativa.

No GEAN tudo foi muito bem esclarecido e o equipamento foi cedido. A confiança e a adrenalina para a subida só foram aumentando. Mas ao olhar o profissionalismo e a história do GEAN personificada pelo “veio da toca” ao meu lado, fui me acalmando e a subida foi sensacional. Fiz coisas que nunca imaginei que fosse fazer. Aquelas coisas que vemos as pessoas fazendo na TV e nos filmes. Olhar os precipícios, observar os caras do GEAN fazendo e copiar os movimentos com calma, pensamento positivo e confiança foram coisas que fizeram subir as Prateleiras do Parque Nacional do Itatiaia sem preocupações e com altas doses de diversão. Observar a imensidão do parque e não se preocupar em cair é muito legal. Uma sensação que todos deveríamos experimentar. Subimos, chegamos ao pico e confesso que me emocionei ao chegar ao cume. É um momento bem legal assinar o livro que tem lá em cima. Senti-me vitorioso. Agradeci membro por membro da equipe do GEAN que me acompanhou. Estava tudo muito bem, tudo muito legal mas…

Tinha a volta. Que ocorreu também de forma sensacional. Deu tudo certo. Foi tudo muito calmo e tranquilo também. Exceto pelo meu medo de fazer rapel. Quando vi um por um da equipe descendo de rapel, confesso que toda alegria da subida se transformou em desespero. Pipoquei grandão!!

Pensei comigo “pô! Só eu não vou descer?!?!” Sim. Só eu não fiz o rapel. Bom eu e o Igor. Filho do “Veio da Toca” e parte da terceira geração de escaladores da família fundadora do GEAN. Ele não me deixou descer sozinho do cume, respeitou o meu medo e me acompanhou com a mesma tranquilidade da subida. Fiquei frustrado de ser o único que não fez rapel. Mas tudo tem um lado bom e devemos sempre ver o copo como meio cheio e não meio vazio.

Agora tenho pretexto pra voltar a visitar a Camila e o pessoal do GEAN. Depois de subir as Prateleiras e não fazer rapel terei de voltar para fazer o rapel. E já que estarei lá, porque não fazer outra escalada e fortalecer os laços das novas e velhas amizades. Valeu Camila e muito obrigado GEAN pela aventura.

Por: Márcio Francisco Martins